24/02/2007

Os ossos do Colecionador

Cheiro de carniça
não sei onde estão
os corpos putrefados
ou aqueles ossos já ocos
não sei

Cheiro de bebê
na sala da maternidade
vida nova enche o corredor,
aqueles ossos putrefados
nasceram de novo.

Creio, se misturam
com o odor das flores
que ainda planto, os camuflo
fingindo que não existem,
esperança despercebida de
que simplesmente não existam mais
e assim sigo

Enterrado no jardim,
tutano, ossos, músculos e pele
nem só de lágrimas e risos
vivem as pessoas,
talvez uma esperança despercebida de
que talvez simplesmente não existam mais
e assim sigo, sim sigo, mas para onde?

entre o calor do sangue
que pulsa na carne,
eles se camuflam
ou os camuflo metodicamente

entre o calor do sangue
e a frieza do olhar
as dualidades se completam em meu coração
e transmutam-se em aromas mais sutis

o colecionador somos?
Somos quem?

o colecionador é?
É o que?!

Se me faço no outro, sou osso?
Se me faço em mim, sou o outro?
Se me faço no outro, que resta de mim?

As moléculas que me formam
são as mesmas que formam tudo.
Elementos comuns, fazendo e desfazendo.
Partículas a brincar de criar Universos.

Onde termina eu começa outro?
Onde termina outro começa eu?

Expiro aliviado,
preencho o mundo de amor,
de merda ele está cheio.

Agradeço...


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