26/03/2007

Só para não passar em branco...

Se você quer ver o Sol nascer tem de acordar cedo, mas isso não é garantia, porque o céu pode estar nublado. Mesmo assim, um dia de Sol, justifica um ano de nuvens!

19/03/2007

Para onde vão as nuvens brancas?

Toda criança já brincou um dia de olhar para o céu e ver formas nas nuvens...

"Olha! Um coelho!"
"Aquela outra parece uma caveira."
"Nossa! Essa aqui parece a frente de um barco!"

Formas e nomes que representam coisas, objetos concretos ou emoções abstratas, conceitos discutidos ou teorias elaboradas, mas independente do formato que possuem, as nuvens são apenas nuvens e tem seu papel no processo natural do planeta.

Mas e se as nuvens de repente, de uma hora para outra, começassem a pensar e a ter consciência de si mesmas? Como em um desenho animado onde as coisas inanimadas ganham uma personalidade.

Na mente da nuvem que parecia uma caveira surgirá uma referência de caveira: "Eu sou uma caveira". Da mesma forma nas outras nuvens, cada qual com sua forma e nome particular.

Nesse momento talvez você se pergunte: "Onde diabos ele quer chegar com esse texto maluco?!" Calma!

Imagine então que as nuvens comecem a se sentir solitárias: "eu sou uma caveira e não vejo nada ao redor que se assemelhe a mim". Muito provavelmente as nuvens que se assemelhassem a uma caveira passariam a se agrupar, talvez até criassem uma associação para lutar por seus direitos e para discutir quais reformas são necessárias ao céu, para que as nuvens caveiras tenham melhores condições de vida.

Muito provavelmente também o medo de perder sua forma atual de caveira existiria, afinal o vento continua soprando, assim nossa amiga nuvem com forma de caveira acabou de criar nascimento e morte em sua recém pensante cabeça.

Com nascimento e morte surge à vontade de se buscar algo, algo que talvez possa diminuir esse sofrimento perante a efemeridade de sua breve existência.

Sim! As nuvens agora precisam de algo para justificar sua existência! Não apenas justificar sua existência, como também respostas para suas indagações mais profundas: "Dá onde viemos, para onde vamos e qual o motivo disso tudo?".

As nuvens com forma de psicólogo provavelmente iriam auxiliar as nuvens com formato de dúvida, as nuvens formato de polícia combateriam as nuvens com formato de bandido e as nuvens com formato de político iriam prometer ajudar as nuvens com formato de povo.

E assim surgiriam as guerras, os combates, a fome, a concentração de riquezas, a pobreza, os direitos, a cidadania, os países, as fronteiras, os sonhos e os pesadelos.

E muito provavelmente as nuvens esqueceriam totalmente que sua essência é formada pelo mesmo elemento e que precisam chover para realizar o processo pelo qual foram criadas.

Após alguns anos a Terra estaria seca e o céu completamente nublado, a temperatura subiria tanto que não haveriam mais condições para as nuvens existirem como nuvens. A vida complexa que antes existia regrediria para uma vida simples, de poucos elementos e interações.

Essa seria a extinção das nuvens, até o momento em que em algum outro lugar, tempo e espaço de nossa infinita existência surjam condições favoráveis à evolução da vida para formas mais dinâmicas novamente.

Sem apego ou desapego, sem condenar ou justificar, apenas um relato direto, sem tomar partido, sem escolher qual nuvem está correta e qual está errada.

Gostaria apenas que as nuvens pudessem voltar a se conhecer pelo que são e não pelo que acreditam.

Somente isso é necessário...

Coragem nuvens, coragem!

14/03/2007

Toc, toc, toc. Quem bate?

O vento corta o corredor, enquanto em silêncio espero minha vez...

A sala de meditação está repleta, todos quietos voltados para a parede, cada um com seu caminho, cada um com seu cada um, todos nós juntos.

Ali no corredor esperava minha vez de entrar para fazer uma entrevista particular com a mestra.

Nesses breves minutos de espera, impressionante a quantidade de informações que circulam pela cabeça, quantas projeções do que fazer, do que vai acontecer e se isso e se aquilo, enfim, minutos tensos!

Não se sabe quanto tempo a pessoa que entrou na sua frente ficará lá dentro com a mestra, pode ser 15 segundos ou uma hora, se a entrevista durar mais tempo do que o período de meditação você perdeu a oportunidade e só poderá fazer no próximo período, que dependendo da ocasião poderá ser somente daqui a uma semana ou mais!

Para os que não conhecem, uma entrevista em meditação no Zen Budismo chama-se Dokusan, uma oportunidade de se sentar em frente ao mestre ou mestra, olhar nos olhos e perguntar ou dizer qualquer coisa que esteja lhe afligindo no momento, não é apenas uma entrevista particular, é uma oportunidade para mergulhar em sua prática e no mistério da vida.

Mas voltemos àqueles breves instantes antes de chegada minha hora, enquanto aguardo no corredor pelo sino que autoriza a entrada na sala, voltemos àqueles breves minutos que parecem horas, que parecem levar toda a idade média para passar.

Eu ali sentado, esperando, o vento cortando a cara, aquele silêncio cheio de expectativas, a perna quer balançar, os dedos querem se mexer, se pudesse até roia as unhas, mas preciso manter a postura.

Então o sino toca!

Fudeu!

Me levanto e caminho até o sino que eu devo tocar no corredor para avisar que tem mais uma pessoa ali fora.

Pego o martelinho, devo dar 3 toques.

TuMMmmMmMMmm – Não soou legal, deixa eu me esforçar mais.

TUMMMMMMMMMMMMMM – Ihhhhhhh, muito forte!

tuuumm – Ihhhhhh, muito fraco! Bom, agora já foi!

Abro a porta, caminho até a sala, tudo escuro, apenas luz de velas, sentada no canto ela me aguarda, faço uma reverência na porta, caminho até a almofada para me sentar e em pé mais uma reverência, me sento, mais uma reverência.

Levanto a cabeça, olhos nos olhos....



Silêncio....



Todos aqueles pensamentos se foram, toda a segurança da mente, todos os planos e projeções fugiram, me deixaram aqui sozinho. É sempre assim.

Tento dizer algo, as palavras não saem, gaguejo, não consigo falar algo que não seja sincero, estar ali é como estar diante de si mesmo, não existe necessidade de mentir, não existe necessidade de chorar lágrimas falsas ou mostrar força onde ela não existe.

Ali era apenas eu, não havia um ela, era como estar diante de uma floresta, uma cachoeira, ou do mar, naturalmente integrado, apenas minha mente ingênua destoando do Todo.

Enfiam as palavras saem, a conversa flui, mas não como uma conversa comum, não existem padrões ou rituais, não é mais um processo automático de pergunta e resposta, ação e reação.

Então, sem aviso prévio o sino toca na mão dela novamente.

Hora de ir. Em nenhum momento passa pela cabeça se havia algo não dito, se havia algo por se fazer. O sino toca, você reverencia e sai, simplesmente sai.

E pronto, lá se foi a sua antiga vida!

Durante os próximos dias aqueles momentos repetirão como um filme, as palavras ecoaram vivas e só bem mais tarde farão algum sentido, se é que isso existe, se é que isso é necessário, normalmente não passa de mais uma ilusão da mente, tentando restringir verdades em compartimentos para utilizar mais tarde em alguma situação peculiar.

No entanto se você puder se entregar e se você puder confiar, virá o momento em que não haverá mais um “eu” e um “ela” ali naquela sala. Haverá o momento que os olhos que enxergam são os mesmos que contemplam. Haverá o momento em que todos os mestres do passado e do futuro estarão ali presentes em corpo e alma.

E então será alcançada a liberação de tudo, a transmissão de coração a coração.

Que os méritos se estendam a todos os seres...

Mãos em prece.

11/03/2007

Nem tudo que é fumaça é fogo...

Sentado em meditação sou como o Everest,
mas pelas ruas desfilo como um bobo.

Dessa forma pareço um tanto passivo,
como se carregasse o peso alheio nos ombros.

Na sociedade sou como uma cobra que esguia rapidamente pela floresta,
sem fazer ruídos pode ir facilmente onde quiser sem esforço.

Quando converso com alguém sou o mais temível caçador,
escondido sobre um sorriso inocente e voz suave.

Deixo as palavras jorrarem como uma cachoeira enquanto aguardo o momento correto,
então com um golpe preciso a espada decepa a ilusão.

Quando me perguntam o que espero da vida, respondo apenas que é a vida que nos espera.
Dessa forma conheço todo o Universo sem nunca deixar meu quarto.

Recebo os anjos e demônios com a calma e paciência de um escultor,
apenas por saber que ambos são a mesma essência, manifesta sob diferentes condições.

Como um bambu oco deixo minha mente aberta a todas as possibilidades,
sem me prender a alguma personalidade em particular posso ser todas sem ser nenhuma.

Transparente como o ar e brilhante como um espelho limpo, a consciência permanece.

Os lados extremos parecem destoar entre si, como se tristeza e felicidade fossem opostas,
mas eliminando os julgamentos tudo se encaixa dentro da mesma realidade,
como o ano que encaixa em si as quatro estações.

Quando acordo confiante caminho com a cabeça baixa.
Quando acordo receoso caminho de peito aberto.

Dessa forma mantenho o equilíbrio e desvio das pedras apenas deixando a correnteza conduzir o fluxo.

Não que seja inerte, minha tarefa é a mais árdua de todas as tarefas: confiar.

Enfrento os desafios e agarro as oportunidades, só para descobrir que os limites estão sempre mais distantes do que posso imaginar.

Sob o julgamento de outros olhos posso parecer dúbio,
mas o centramento correto permite agir sempre com a certeza correta.

Conhecendo os repetitivos padrões de comportamento é possível optar ou não em se envolver com as situações.

Assim nos solitários finais de domingo, quando todas as esperanças, anseios e promessas ficam reservadas para a semana seguinte, deito a cabeça no colo da existência e ela carinhosamente afaga meu cabelo.

Como certa vez disse um velho Buda:

Meus olhos são frios como cinzas mortas,
minhas palavras vagas e dispersas,
mas meu coração, ahhhh meu coração, esse sim, arde como fogo!

___

O velho Buda a qual me refiro no texto é Soyen Shaku, primeiro mestre Zen Budista a ensinar nos Estados Unidos no início do século passado. Agradeço profundamente sua compaixão por deixar tão preciosos ensinamentos. Mãos em prece.

07/03/2007

Causos do Inconsciente - Parte 02 - Alaya Vigya

ALAYA VIGYA

“In Sanskrit the name is alaya vigyan, the house where you go on throwing into the basement things that you want to do but you cannot…”

“Em sânscrito a palavra é alaya vigyan, a casa em cujo porão você vai juntando coisas que gostaria de fazer, mas que não pode...”


Nas noites silenciosas sem Lua, quando o trafego da avenida diminui, às vezes acordo com o som de um grito grave e repetitivo, como o rosnar de um leão, ecoando abafado por paredes distantes.

Quando pequeno tal som me assustava, acuado no quarto ao lado sobre a cama de casal, mamãe dizia baixinho em meu ouvido, “é só um pesadelo, pronto, já passou... Dorme meu bem, dorme...”.

Anos mais tarde sozinho e independente aprendi a lidar com o mesmo som misterioso, mais maduro passei a deixá-lo de lado. A cabeça vira, o travesseiro amassado também e o sono volta novamente.

Mas não nessa semana...

Se escrevo esse texto de madrugada não é por insônia, mas como uma fuga, uma fuga do rugido, que passou a estar cada vez mais próximo e intenso. Não sei se algo se aproxima de mim, ou se eu me aproximo de algo.

Por vezes quando acordo procuro olhar em volta, mas meus olhos não acostumados à escuridão não conseguem distinguir as sombras dos vultos, por isso prefiro mantê-los fechados, com força.

Até mesmo a luz que passei a deixar acessa no corredor não consegue mais aplacar meu medo.

A porta escancarada guarda o mistério que me ronda e não há nada que possa fazer para escapar dessa situação.

Como um labirinto de mil formas sinto minha percepção se descolar do corpo, como se em um segundo pudesse abraçar todo o planeta e no outro não passasse de uma pequenina cabeça de alfinete.

Luto para não perder minha identidade, mas o fluxo é forte demais. Desisto do sono e ligo a televisão.

DEIXEM-ME EM PAAAAAAAAAZ!!!!!!
...

“Pedidos em vão querido, não há ninguém aqui além de nós para ouvir tuas preces.

Por tempo demais tens juntado em teu porão coisas que não gostaria de encarar. Viemos apenas cobrar nossa parte de tua consciência que também nos pertence.

Por sermos habitantes das trevas, sentimos que a solidão queima mais do que o Sol.

Entregue-se a nós, somos todos frutos da mesma mente!

O que tens de tão precioso para defender com tanta dedicação?

Que medo é esse que guarda nada mais do que tuas próprias dúvidas e insatisfações?

Somos os fantasmas que protegem tua casa quando você sai.

Somos as assombrações que guardam teu sono quando você adormece.

Deixe que vejamos a superfície para também beber do néctar da vida!

Não vê que tua vontade de esquecer completamente nos alimenta?”

...

O coração bate forte, o sangue fervilha, as malditas vocês voltaram, mas dessa vez elas não vão conseguir o que querem! NÃO! Dessa vez não vou deixar que se aproximem, vou me trancar aqui até que se vão, se é esse corpo que querem, desse corpo me livrarei!

A navalha dilacera os pulsos e de vermelho tinge o chão, a cabeça distante sente ouvir coisas... Coisas, que coisas? É assim... O que? Quem é você? Quem é você? Querido? Querido! Acorde! Você chegou........

...

Cheguei...

- Mas... Quem são vocês?

- Nós?

- Sim, não me lembro de vocês.

- Somos você num nível muito profundo querido.

- Profundo quanto?

- Difícil mensurar, as medidas do inconsciente não são assim palpáveis, mas se tua vida fosse uma casa e teu quarto na cobertura, nós seríamos os habitantes do porão.

- Mas se vocês moram comigo há tanto tempo porque nunca os vi?

- Você esteve trancado em teu quarto durante muitos anos querido, por mais que batêssemos a tua porta você nunca nos recebeu. Aliás, poucas são as visitas que você permitiu adentrar em teus aposentos.

- Não entendo.

- Você não se lembra porque ainda não tinha consciência, mas anos atrás quando a grande divisão se fez e você selecionou apenas os escolhidos, fomos isolados naquele território escuro onde você guardava as coisas que gostaria de enfrentar, mas que não podia.

- Então eram vocês os responsáveis por aqueles rugidos assustadores?

- Não eram rugidos, muito menos assustadores, eram apelos por socorro, seus ouvidos treinados a escutar apenas o que quer ouvir é que não eram capazes de entender o significado de nossos apelos.

- E porque agora te escuto tão claramente?

- Porque você abriu mão da falsa segurança que cultivava.

- Como assim?

- Você morreu querido.

- COMO ASSIM?!

- Sim, você morreu. Morreu para esse passado obscuro, mas o processo ainda não está completo, você precisa aceitar. Venha, me de sua mão. Não há mais nada a ser revelado.

- Aceito.

...

Vozes distantes e uma luz forte e branca, cheiro forte.

BIP, BIP, BIP.

Apitos ao meu lado, pisco os olhos, está tudo embaçado, me faltam forças, tento dizer algo, a boca não se mexe.

Não quero mais dormir, mas é tão difícil que não consigo evitar... evitar... evitar...

...

- Por favor, me diga que ele vai ficar bom Doutor!

- Ele perdeu muito sangue e está fraco, apesar disso não houve seqüelas graves. Acredito que em pouco tempo ele terá alta e poderá voltar para casa.

- Deus ouviu minhas preces!

...

Hoje sei, que os porões de Alaya Vigya é que guardavam os pedaços arrancados de mim.

Sempre imaginei que eles estivessem enterrados no passado, mas na verdade eram para lá que eles iam.

Agradeço por um dia voltarem a me assombrar, só agora me sinto completo, como se minha alma estivesse um pouco mais cristalizada.

Se pudesse voltar um pouco no tempo não teria tomado medidas tão drásticas, nem decisões tão fúteis e egoístas, mas talvez assim o tenha feito para me defender de sentimentos maiores dos quais não estava preparado para suportar.

Tenho sentido a Existência em si mais presente, como se não houvesse lugar em que não me sentisse em casa.

O próprio Universo, lar doce lar...

06/03/2007

Finais felizes...

Após tantos anos ao seu lado, difícil encontrar aquilo que posso chamar de meu “eu”. Aquele “eu” que caminha com seus próprios passos.
Minha história se mescla na sua de tal forma que sozinho sinto não mais viver esta realidade, como se de uma hora para outra minhas referências tivessem sido removidas sem avisos ou alertas.

E lá se foi um pedacinho de mim...

Um empurrão inesperado para um poço sem fundo. Debato-me, tentando aprender a nadar em rápidas lições para não morrer afogado.

Exausto entrego meu corpo e meus esforços, apenas para ter a agradável surpresa que a corrente generosamente me conduz sem pressa.

Bobagem minha acreditar que por algum momento pudesse realmente estar sozinho, como se os pés pudessem caminhar sem o suporte do chão e os pulmões se encherem sem o oxigênio do ar.

Nesse emaranhado onde tudo se interliga, mesmo separados continuamos juntos, sempre juntos, desde o princípio até a extinção de mãos dadas.

Minhas carências são as justificativas para criticar seu comportamento? Não, mas foi isso que fiz durante muito tempo, terceirizando meu sentimento de dor.

Tantos caminhos pelos quais seguir, tantas portas disponíveis e nem mesmo tenho segurança para aceitar essa nova liberdade.

Mesmo assim me motivo mentalmente a aceitar o novo desafio, concordo, sejamos fortes dessa vez! Buscar o passado novamente só vai criar falsas esperanças, prazeres momentâneos de uma felicidade superficial.

Tudo que começa termina, terminou, não há mais necessidade de tentar voltar no tempo para reviver instantes mágicos que não voltam.

Coloco o fardo no chão, dessa vez de verdade, e a corrente conduz novamente o fluxo, como sempre fez, eu que me esqueci.

Levantei muros que chamei de casa e cercas que chamei de segurança. Limitando meus domínios completamente, como se a Terra pudesse ser realmente demarcada.

Agora percebo que quantos mais processos, conceitos e rótulos adiciono a mim, mas me torno vulnerável, tendo de assumir a árdua tarefa de defender o que não me pertence. Dessa forma me mantenho sempre a mercê das coisas e pessoas que me incomodam.

Se não houver mais em que apoiar, o que pode me atingir? Quem restará lá para ser atingido?

As árvores tombam perante os ventos e tempestades, como se não fossem nada mais do que galhos secos, enquanto a grama apenas balança de um lado para o outro, dançando com a situação.

E eis meu segredo, descoberto sob duras penas.

Sem um objetivo pelo qual seguir, todo caminho é o caminho correto.

Sem um eu pelo qual lutar, toda morte é bem-vinda.

Sem divisões ou intervalos, me faço em tudo e tudo se faz em mim.

Sem começos especiais, ou finais felizes, apenas o que é.