05/11/2007

Ecos do Além

No mesmo dia no hospital além do texto anterior este aqui também estava digitado no celular, confesso que quando o li lá pelas 16:00hs fiquei com lágrimas nos olhos.

Segue publicado na íntegra, sem modificações, edições ou correções.

____

Cortei minhas pernas, agora ando livre, perdi meus braços por isso a tudo alcanço, entreguei meu corpo ao mar e em oceano cheguei aos 4 cantos do Universo.

Meu canto é mais alto que o explodir das galáxias, mas ninguém o escuta.

Minha luz ilumina milhares de Sois e Luas, mas poucos a enxergam.

Quando piso meus pés não tocam ao chão, nem minha cabeça ficou perdida nas estrelas.

Meu tombar é ouvido a milhares de milhas de distância e minhas preces ouvidas como o soprar do vento pelas frestas do silêncio.

Minhas mãos não tem mais força do que parecem ter, no entanto tocam a todo o Universo.

Ao expirar galáxias são extintas e ao inspirar Universos se aglomeram.

De meu leito de morte vejo a luz do nascimento, do único Nascimento, no grande ventre da vida.

Agora sei que os golpes que acertam a superfície não causam mais do que simples arranhões, enquanto a Verdade toca a tudo no mais profundo ser, como uma pequena nascente que brotando da montanha escorre pela superfície da pedra.

Meus olhos a tudo assistem, mesmo minha visão sendo única, observo a tudo sem interferir, mas confesso que com aperto no peito aguardo pelo retorno de minhas filhas e filhos ao nosso Paraíso comum.

Dizem que a verdade é para poucos, mas isso é mentira, a verdade é para todos, assim como o Sol nasce no oeste e se põe ao leste.

Entregue-se ao abismo e será salvo, agarre-se firme a borda e sua presença sucumbirá.

Os médicos podem tratar, mas a verdadeira cura só é alcançada além de saúde e doença; a moribundos nos hospitais mais sãos do que muitos saudáveis por aí.

Feche os olhos ao que o homem lhe oferece, pois seu veneno camuflado de verdade é perigoso, ainda assim não perca tempo combatendo a mentira, o nascer do Sol é suficiente para iluminar a escuridão.

Ainda ontem dizia que tudo não passava de um sonho, janeiro ou dezembro são apenas nomes, o tempo é tão infinito quanto a própria vida, não se intimide com o fracasso, nem comemore demais a vitória, há mendigos que morrem de forma mais nobre do que generais.

Pois eis que desse corpo toma posse, pois a mim nada pertence.

A mim...

A mim quem?

Nenhum comentário: