28/11/2008

Olha a realidade! Tá fresquinha moça! Vai levar?

Recebi esse comentário ontem sobre o vídeo do Castelo de Areia da Brinquedos Engodo (lembram?).

"Poeticamente idealisticamente falando o discurso não esta mal... "a moça do metro, o bebezinho que acabou de nacer"... Melhor voltamos todos pra epoca da caverna, sem telefone, sem casa, sem cobertor. "Não basta pensar na resposta, vc tem que ser a resposta"...(??)Eu só sei que no fim do mes nao adianta eu ir com este papinho no banco pq se nao pago as contas vou ter q dormir na rua. Bom idealista, mas esta 1 poko fora da realidade!(minha opinião desculpa).Valeu craque, um beijao!!"

É por isso que eu sempre digo que a gente tem de tomar muito cuidado...

No fim do dia a mente sempre tem uma justificativa para ter perdido o dia inteiro pensando em coisas pequenas. E isso vai ser igualzinho no fim do mês, no fim do ano e no fim da vida.

Ela vai arrumar todos os argumentos necessários para justificar os problemas e injustiças que aparentemente a vida colocou no seu caminho.

Cada hora o [PROBLEMA] vem vestido com uma fantasia diferente; hoje é a hipoteca, amanhã a parcela do carro, depois a solidão, semana que vêm a crise de meia idade, no outro mês a seca e no seguinte o excesso de chuva.

A mente não conhece a realidade, ela não pode nem tocar a realidade, você precisa ir além da mente, dos conceitos, dos rótulos, você precisa se TORNAR a realidade, respirar a realidade, viver a realidade!

Para mim o que está fora da realidade é essa "realidade" superficial que nos fazem acreditar.

Obrigado pelo comentário! ;)
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25/11/2008

Tem uma moeda ai, tio?


"É pior tragédia climática da história", diz governador de Santa Catarina.

Mais de 50 mil estão desabrigados e desalojados em SC.

Chuva mata 65 em SC; fornecimento de gás é suspenso até quarta.

Chuva em Santa Catarina deixa 160 mil casas sem luz.

Chuvas causam estragos e dificultam o tráfego em ao menos 18 rodovias em SC.


Mas e daí amigo?!

O que importa para o sistema é que ontem a bolsa subiu mais de 10%, o dólar caiu mais de 5% e quem deveria estar feliz está rindo à toa.

Para relembrar, o governo federal deu 4 bilhões para a indústria automobilística e agora a gente tem de ouvir um monte de propagandas na TV dizendo:

"Vejam! É pensando em você que a Ford/Fiat/GM/etc não aumentou as taxas de juros! Entrada zero!"

O governo federal deu 2 bilhões para as lojas varejistas e a gente tem de engolir:

"Aproveite! Preços antigos! Juros cada vez menores! Dedicação total a você!"

Agora para as pessoas sofrendo em Santa Catarina:

"O governo federal e os governos dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul já anunciaram o auxílio às vítimas atingidas, disponibilizando medicamentos, cestas básicas, colchões, cobertores, travesseiros e materiais de limpeza."

Colchões, cobertores AND travesseiros! Uau! É por isso que hoje eu tenho certeza: perto da bolsa, as pessoas não valem NADA.
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24/11/2008

Reflexão sobre a Percepção de Valor Intrínseco

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.



A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post em abril de 2007 era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.

Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

12/11/2008

Na vida não existe CTRL+Z

"O Banco do Brasil vai liberar R$ 4 bilhões para os bancos das montadoras financiarem a venda de automóveis."

"A Caixa Econômica Federal vai colocar R$ 2 bilhões para financiar a venda de bens de consumo como eletrodomésticos, eletrônicos, móveis, e material de construção."

Ahhhhh! Agora sim! Poxa rapaz, agora eu vou dormir tranquilão!

Fico muito mais sossegado sabendo que o lucro da Volks, da Fiat, da GM, do Ponto Frio e das Lojas Americanas não vai diminuir nesse fim de ano.

Afinal de contas a crise pode apertar e as pessoas podem ficar desempregadas, mas estarão muito mais contentes passando fome com uma TV de plasma na sala e um Gol zerinho na garagem (sem gasolina).

Desde que começou a crise eu não tinha assistido o Jornal Nacional ainda, mas hoje assisti um pedaço e me deparei com essas notícias. É impressionante como a voz séria da Fátima Bernardes quase me fez acreditar que essas medidas são para o bem da Nação.

Façamos o seguinte, vamos propor um negócio diferente.

A gente autoriza o governo a dar o nosso dinheiro, e nos endividamos em troca de bens de consumo supérfluos, em prol do bem estar das redes varejistas e indústrias automobilísticas, mas somente se essas empresas assumirem o compromisso público de abrir mão do lucro líquido de TODOS os produtos e carros vendidos nesse período e reverterem esse dinheiro para ações sociais e ambientais.

Que tal? Muito mais justo não acham?
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