Samsara (sânscrito-devanagari: संसार, perambulação) o fluxo incessante de sofrimento e felicidade estabelecido pelo
dia a dia.
Samsara
é a sua vida. Cada minuto da sua vida, quer você queira, quer não, nunca foi nada além de Samsara.
Samsara é um
labirinto, um enorme labirinto sem saída. Um labirinto de ruas largas e arborizadas,
de forma que você tem a sensação de não estar em um labirinto.
O público muda, mas os
desejos são os mesmos. Cada qual escolhe aquilo que está mais alinhado ao seu
desejo, mesmo sem saber que desejo é desejo, independente do objeto.
Você muda de emprego,
de companhias, de lugares; novos continentes, amigos e culturas. “Aqui ainda
não está bom, mas lá estará, certeza que estará!”. Ruas largas, muito largas.
O que é ruim incomoda
demais, mas o que é bom enjoa rápido, qual a solução? Disseram-lhe que o
caminho da felicidade está em correr atrás de seus sonhos. Ah sim! Os sonhos.
Nada tão largo quanto um sonho; ruas largas, muito largas, lembra-se delas?
A lista contínua de
sorrisos na linha do tempo da rede social destoa das caras fechadas que
perambulam mundo afora - não manifesta ditadura da felicidade superficial. Estar triste é vergonhoso e ser conduzido um sinal de fraqueza.
Nos foi dito que a posição do líder é o ponto maior a ser alcançado. Vida longa ao rei! Não nos disseram,
entretanto, que na primeira fase o líder se julga superior aos
demais, na segunda se julga inferior ao se colocar no lugar do outro e, então, na última fase, não existe diferença entre líder e conduzido, apenas caminho. Poucos chegam lá. Nessa trilha a arrogância e a soberba
ofuscam o julgamento. Ruas largas, muitos largas, acho que já comentei sobre
isso.
Mas hoje é um dia
diferente, um dia triste. Um dia de assentar no frio da solidão. Os rostos
passam a volta agitados, tomados pela excitação do que é passageiro, mas eu não, hoje
não, hoje caminho pela rua estreita, pelo beco escuro.
Se reclamo do beco
escuro me sinto infeliz; se me vanglorio por enfrentar o beco escuro me sinto
superior. Independente da minha posição o beco é o beco e eu sou eu, ou não.
Sou eu, beco e escuro.
Tudo e além de tudo. Aquele que vislumbra a inexistência da verdade sem existir
como um aquele. Aquele que não se importa com a rua nem com o Samsara, porque pé e estrada são um só.
Seria a vida assim
absurda a ponto de te colocar em um lugar onde só você existe? Onde só você é
feliz e onde só você foi injustiçado? Não, a vida não discrimina. Eu, vivo e
iludido por minha diferença é que discrimino. Eu, vivo e ofuscado pelo
julgamento é que quero escolher o que deve ou não deve acontecer. Ruas largas,
infinitas! Ruas que aprisionam minha liberdade sob minha permissão.