Dizem que o poker é um jogo de informações incompletas, o
que significa que muitas vezes a decisão mais correta não é a decisão
vitoriosa. Nessa dinâmica o bom jogador não é aquele que apresenta sempre
excelentes resultados, mas aquele que entende o processo e é capaz de acumular
um saldo positivo no longo prazo.
Esse texto, entretanto, não é sobre poker, mas sim sobre outro
jogo de informações incompletas, dos quais todos nós participamos: a vida.
Deixe-me elaborar melhor o conceito de “informação
incompleta”. Considerando uma rodada típica de um jogo tradicional de poker, a
ação ocorre em quatro momentos diferentes, entre os quais os jogadores
envolvidos apostam a partir das cartas particulares que tem nas mãos e das
cartas comuns no centro da mesa. O jogador que possui o maior jogo formado
entre as cartas particulares e comuns ganha à rodada, a menos que venha a fugir
por conta de uma aposta de outro jogador.
Isso significa que nem sempre o melhor jogo irá ganhar a
rodada e que o melhor jogo no primeiro momento não necessariamente será o
melhor jogo no último momento.
Por conta dessa dinâmica, uma ação tomada no momento
presente só poderá ser considerada um erro ou um acerto em outro momento
futuro, no momento em que todas as informações no presente incompletas forem no
futuro reveladas.
Já imaginam onde quero chegar?
Por ser a vida um jogo de informações incompletas, toda ação
tomada no presente é em si erro e acerto. Toda ação é um potencial que virá a
ser e não um objeto pronto e terminado.
Por ser a vida um jogo que se desenrola em momentos
progressivos, a melhor ação possível tomada no presente não necessariamente se
revelará como a melhor ação possível no momento seguinte.
Entendendo essa dinâmica é possível determinar que a melhor
postura frente ao jogo não é assumir o papel do juiz, aquele que toma sempre a
decisão correta frente às informações disponíveis, mas o papel do piloto,
aquele que toma a decisão possível no momento em que a corrida vai se
desenhando.
Disse um dia um grande mestre: “Minha vida é uma sequência
de erros”.
Pelo entendimento comum uma vida dessas é digna de pena,
quão lastimável deve ser para uma pessoa carregar permanentemente o fardo de
tantas más decisões. Porém, aquele que enxerga que erro e acerto são conceitos
dinâmicos, pode entender a frase sobre um novo prisma: “Minha vida é uma
sequência”.
Vida é sequência, nunca completa. Nós não estamos separados
dela, somos vida, nunca completos. O esforço, portanto, não é se concentrar em
tomar decisões corretas, mas em ser correto.
Relaxe,
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